sábado, 29 de julho de 2017

PERDÃO DE DEUS



Jesus ensinou a rezar: “Perdoa as nossas dívidas ASSIM COMO perdoamos os nossos devedores” e ainda esclareceu: “Com o mesmo critério com que julgardes sereis julgados”. A conclusão é ÓBVIA: ou você aprende a perdoar, ou quanto mais estrita seja a sua obediência a todas as demais regras daquilo que você entende por “moral cristã”, tanto mais elas servirão para endurecer o critério com que você será julgado e muito provavelmente condenado.
Nossa ÚNICA saída neste vale de lágrimas é perdoar sempre, perdoar tudo, perdoar de todo o coração.
Para ser sincero, só encontrei na vida uns três ou quatro cristãos que compreendessem isso.

Só quem desenvolveu o hábito do perdão é capaz, quando peca, de ter arrependimento doce, humilde, esperançoso e sem amargura que, segundo entendo, é tão agradável a Deus quanto a volta do Filho Pródigo.

N. B. – Tudo isso são apenas impressões que obtive da experiência pessoal. Nada vem com a autoridade de um ensinamento teológico.

A idéia de um Deus que perdoa ou condena quando bem lhe dá na telha é islâmica, não cristã. Deus comprometeu-se a respeitar o perdão sacramental até o fim dos tempos, e nada O fará mudar de idéia. Ele pode estender o perdão a pessoas que não receberam a absolvição sacramental, mas não tirá-lo dos que a receberam.

O purgatório é uma forma de temporalidade, portanto nada tem a ver com o que estou dizendo aqui.

Também é erradíssimo imaginar que Deus só perdoa quem merece. NINGUÉM merece. Ele perdoa quem pede.

Se houvesse um resíduo de pecado na bem-aventurança eterna, das duas uma: ou o pecador não se arrependeu, ou se arrependeu. No primeiro caso, o céu foi invadido pelo mal; no segundo, pela tristeza. As duas hipóteses contradizem o conceito mesmo da bem-aventurança. Fim de papo.

Por que a idéia da abolição do pecado na vida eterna perturba algumas pessoas? Deveriam preocupar-se é com a continuidade do pecado, isto é, com o inferno.

É um erro monstruoso imaginar que Deus só perdoa quem Ele quer. Ele quer perdoar TODOS. Só que alguns não pedem. Nem querem.


29 de julho de 2017
(in diário filosófico, olavo de carvalho)

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